Arquivo mensal Janeiro 2023

PorSeaEO

Arrojamento de centenas de Papagaios-do-mar

Desde o início do ano 2023, Afonso Castanheira, fundador da Associação “Mestres do Oceano” tem patrulhado as praias na zona centro de Portugal, nomeadamente Peniche e Baleal e o cenário é devastador.

Puffin
Papagaio-do-mar

Diariamente têm arrojado (dão à costa), dezenas de aves marinhas, especialmente espécies de Alcídeos, como o Papagaio-do-mar. A maioria é encontrada morta nas praias daquela região. As aves sobreviventes aparecem sem forças para voar ou para andar. É nesse momento que a Associação, em conjunto com o ICNF e CRAM (Ecomare), juntam forças e tentam ao máximo fazer com que estas pequenas aves sobrevivam nos dias seguintes, alimentando-as, desintoxicando-as, dando-lhes abrigo para poderem ser reabilitadas e mais tarde reintroduzidas no seu meio aquático natural.

Todos os anos, especialmente nesta época de tempestades fortes no mar, “há várias aves a dar à costa, mas nunca como este ano”, reporta Afonso. “ É um fenómeno raríssimo em Portugal” e o problema é que ainda não se descobriu a causa de tantos arrojamentos. É sabido que a gripe das Aves tem afetado populações de Aves marinhas a nível mundial, especialmente no Norte da Europa. Poucas destas aves aparentam terem sido apanhadas em linhas de pesca, como o palangre ou redes de emalhar, contudo, este fenómeno vai para além desta ameaça.

Nos passeios de barco que a SeaEO desenvolve, é comum observarem-se várias espécies de aves marinhas como o grupo dos Alcídeos durante o Inverno, seja Tordas-mergulheiras (mais frequente), Airos ou mesmo Papagaios-do-mar. São espécies que durante o Outono e Inverno migram para zonas costeiras mais a Sul da Europa à procura de alimento para depois migrarem mais a Norte e procriar. Contudo, jamais observamos estas aves em perigo durante os passeios.

É preocupante que até ao dia 18 de Janeiro, Afonso e a sua equipa tenha encontrado mais de 400 animais arrojados numa pequena extensão de areia com cerca de 4 kms. A maioria grande estava morta e realmente coincide com a forte ondulação e ventos que se têm sentido na costa de Portugal Continental nessa altura. Vale a dedicação e conhecimento da Associação que tem salvo várias Aves marinhas arrojadas nos últimos naquela região, dando-lhe sempre o nome de “Coronita”, a qual continua a patrulhar diariamente as praias em buscar de lixo marinho e arrojamentos, com o objectivo de alertar a sociedade civil para a destruição da biodiversidade marinha e seus habitats, bem como da consciencialização da poluição marinha que temos assistido à escala global.

Temos que conhecer melhor este fenómeno, que representa o pior deste exemplo de destruição de biodiversidade marinha, difundir a mensagem e promover ações de conservação pela sociedade civil, agentes locais e diferentes sectores para que possamos proteger melhor as várias espécies com quem partilhamos este riquíssimo planeta.

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